Foi preso na manhã desta quarta-feira, na região central da cidade, José Otariano Verídico mais conhecido como “Zé Delete”. Sobre o dito-cujo, recaem inúmeras acusações: segundo a polícia local, são mais de cem assassinatos de “correntes da web” só este ano. Estivemos na delegacia e fizemos uma entrevista exclusiva com Zé Delete. Confira a conversa na íntegra:
Reportagem: Segundo o delegado, você é acusado de assassinar “correntes na internet”, procede?
Zé Delete: Sim, senhor! Sou eu mesmo. Sou bicho ruim.
Reportagem: Como começou essa vida de assassino? A primeira vez que você deletou uma corrente de internet ?
ZD: Faz tempo, senhor! Comecei no e-mail. Todo dia recebia e repassava. Teve um dia que o meu ‘PC’ “deu pau” e não repassei o e-mail que era sobre um cara que tinha caído no tanque da fábrica da coca-cola e tinha ficado todo corroído. Enfim, aquilo me deu náuseas.
Reportagem: E o que aconteceu a partir daí?
ZD: Fiquei apreensivo por não avisar os amigos. Andei pensativo pela cidade. Entrei no primeiro bar e bebi um porre de coca-cola. Não aconteceu nada. Me senti livre e desde então virei vida louca. Deleto tudo... Não repasso...
Reportagem: Continue Sr. Verídico...
ZD: Verídico é o c@r@lh*, meu nome é Zé Delete...
Reportagem: Ok , ok... Continue.
ZD: Pois é... Comecei a matar as correntes. Matei aquela da agulha contaminada no cinema com vírus da AIDS... Aquela outra para salvar as baleias do Atlântico... Sem remorsos.
Reportagem: Mas você passou do e-mail para as redes sociais, não é isso?
ZD: Sim, sim. Foi quando apareceu o Orkut. Não divulguei a comunidade da campanha em prol da operação urgente da Silvinha que só tinha dois meses de vida, etc. Depois veio o Facebook e aí aumentou os assassinatos. Já sei que vou pro inferno por não “curtir”, “compartilhar” e nem comentei “amém” na postagem de uma foto que tinha Jesus e outro moço de chifres. Preferi “só olha” e “ignora”. Também não compartilhei a imagem de uma garotinha que possuía “lapitospira’ que a cada compartilhamento, o Facebook doaria 10 centavos à família da criança... Enfim, são tantas correntes delatadas e ignoradas.
Reportagem: Mas seus índices de assassinatos aumentaram agora com o surgimento do Whatsapp, correto?
ZD: É verdade. Com o avanço da tecnologia aumentou também o número de idiotas que repassam. Fazer o que né?! Só aumenta minha ficha criminal (risos)
Reportagem: Lembra algum assassinato de corrente pelo WhatsApp?
ZD: Com certeza, senhor! São vários né... Tem aquela da capivara maconheira; do “hoje é o dia nacional da admiro você” que tinha que compartilhar com 20 amigos; o da batalha dos anjos contra as forças do mal que é pra compartilhar com 15 amigos pra forças do bem vencer; tem aquela que compartilhando, a bateria do celular iria carregar automaticamente ou ganharia créditos da operadoras de telefonia... Tem a Buda sorridente para receber dinheiro... Enfim.
Reportagem: E como vai ser para sair dessa...?
ZD: Sou Zé Delete, tio. Vou sair daqui e vou voltar “pro corre”. Deletar, ignorar, deletar... Nasci pra isso...
Nota: Ao final da reportagem o delegado responsável nos informou que a situação de Zé Delete é grave, entretanto, a defesa já havia entrado com pedido de habeas corpus e ele, provavelmente, aguardará o julgamento em liberdade. Enquanto isso nossa sociedade de alienados estará a mercê de uma fora da lei de alta periculosidade (sapiência) como Zé Delete. Não podemos deixar isto acontecer. Sendo assim, curta, comente e compartilhe esse post até chegar às autoridade competentes. A cada curtida será doado 10 reais para pagar advogado de acusação de Zé Delete. Não se esqueça de digitar “Amém”.
SILVA, Marcello. 2016
P.S.: "esta é uma obra de ficção baseada na livre criação artística e sem compromisso com a realidade"
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