Te escrevo hoje, 27 de dezembro de 2025, como se este fosse o primeiro e o último gesto da minha existência, como se toda a minha jornada neste planeta se resumisse a este instante. Não imagino minha vida sem você, nem encontro qualquer razão existencial que não seja a de, nesta vida, ser seu pai.
Uma missão ousada que Deus me deu e que eu, de prontidão, aceitei. Mesmo sabendo dos desafios que essa jornada traria; mesmo sabendo quase nada sobre como ser pai, eu aceitei. E aqui estou, ciente de que estou dando o meu máximo — entre erros e acertos, típicos da missão a mim incumbida.
Te imaginei e te sonhei por inúmeros dias antes mesmo de saber quando você viria. E você veio, desavisada, entre lençóis frios, numa madrugada em que chuviscava em Chaval. As ruas estavam desertas, numa calmaria assustadora que foi interrompida pelo teu choro estridente, estranhando este mundo — vasto mundo.
Queria poder salvaguardar todos os seus caminhos. Ser o próprio escudo, usando meu corpo e minha alma. Mas não posso. Não devo. Há coisas pelas quais você, necessariamente, terá que passar. É o seu caminho. É a sua jornada. Ainda que eu chore, ainda que eu sangre… será você contra você na caminhada.
Só lembre da Grande Luz que sempre existirá na tempestade. Sempre. Acredite, já passei por lá.
Como você se parece comigo — e isso, às vezes, me assusta. Tens os sonhos do mundo e o medo dos fracassos, mas isso, querida, compõe esse concerto existencial. Mantenha os sonhos, dome os medos e ofereça café a eles. Declame poesias. Ouça Belchior. Escreva uma crônica aleatória. Seja.


Parabéns para essa menina que por algumas vezes já li como personagens em sua história. Muitos anos de vida ❤️
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