segunda-feira, 29 de agosto de 2016
Há três anos seguidos que Augusto esperava pela visita do Papai Noel. Aquele bom velhinho de voz rouca e roupa estranha, assim como ele era descrito pela professora. Nas outras ocasiões, Augusto dormira cedo e por isto, não viu quando o Noel passou. Mas, dessa vez seria diferente. Já com nove anos, ficaria acordado a noite toda, pois sonhava cada vez mais com sua bicicleta vermelha.
A noite chegou devagarzinho, com sua fome de loba, ingerindo a poeira crepuscular do dia interiorano. Augusto, de olhos atentos nos céus, nem quis jantar. Ceia? Não. Apenas, uma mistura de feijão, arroz, farinha e peixe pescado no açude defronte a casa. Nada ali lembrava o natal das histórias dos livros, que eram lidos na escola. Casa de taipa com lamparinas pelos cômodos. Não tinha chaminé. E por onde o Papai Noel desceria?
A cada “estrela cadente” o coração de Augusto disparava. Não era. A noite foi se engessando a medida que eram apagadas as lamparinas, uma a uma. Restou silêncio e escuridão. O frio começou a incomodar a esperança daquela criança que acreditava no sonho de ter uma bicicleta vermelha. Mas, como? Papai Noel existe?
Pouco a pouco, a noite vencia Augusto. O galo já havia cantado, isto significava que era madrugada e as lágrimas quentes descia pelo rosto frio do menino que soluçava, desaguando a criança que até então, habitava ali... No Alpendre adormeceu.
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