sábado, 24 de agosto de 2019
Tempo posto em minhas mãos
Esmagado entre os dedos.
E ainda me foge como pássaro cego em revoada ao crepúsculo
Não sei se levo a vida sobre meus ombros
Ou se em suas asas de veludo sou levado;
Não sei se a ganho a cada aurora para perdê-la ao ocaso
Ou se ela, me ganha todo dia.
Sem que eu possa notar.
Tempo, tempo, tempo...
Essa navalha afiada que me retalha o corpo
Deixando escoriações e marcas,
Pelas quais, um rubro sangue escorre...
Intenso como a insana vontade de superação.
Fica aos ares o meu apelo, o meu alento.
Que me esqueçam por alguns séculos e me deixe aqui,
Imortalizado em pensamentos, moldurado por emoções
Passageiras e tendo á frente às horas paralisada como um
Quadro velho, sujo e mal pintado.
SILVA, Marcello. O Pescador. Chiado Editora, 2015.
0 comentários:
Postar um comentário