segunda-feira, 4 de agosto de 2014
Foi amor a primeira
vista. Reluzente como um anjo, ela sorriu ao vê-lo. Tinha um brilho
rubro como os lábios das mulheres do Bairro da Luz Vermelha. Seu
movimento ludibriante imitava o dançar das meninas do Moulin Rouge.
Entretanto, possuía a frieza típica de um serial killer.
Juntou dinheiro,
deu entrada e parcelou o restante em vinte vezes. Comprou sua assassina
em uma manhã fria de janeiro. Mal sabia ele que esta seria sua última
amante, seu amor derradeiro e o mais profano.
Enamoraram-se
durante meses numa paixão efervescida, comum em recém-casados.
Desbravaram a rotina e ingeriram estradas, rodovias, ruas ... Onde um
estava o outro se fazia presente. Galoparam mundo afora, era um Dom
Quixote em seu Rocinante. De tanta convivência, um era complemento do
outro, apesar da apatia dela
Era uma tarde
quente de julho quando saíram para seu último passeio. Ele feliz, ela
fria. Ela o excitou e ele concordou com a provocação e ambos voaram
sobre o asfalto... No segundo semáforo da avenida "xis", ela
inexplicavelmente, o lançou a um poste. Foi seu último contato... Seu
último adeus.
Ela a vinte metros dele permanecia fria, indiferente como um psicopata a observar o último suspiro de sua vítima. Assassina.
Marcello Silva, Parnaíba 2014.
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