sexta-feira, 21 de fevereiro de 2014
Como um bom chavalense desalinho a andar por estas ruas, ingerindo o
contraste entre o belo e o descaso. Em uma dessas andanças, encontrei um
cidadão de aproximadamente 1,70 m de altura, 45 anos cujo nome e
profissão não direi (por receio, afinal estamos em Chaval) trazia
consigo algumas sacolas, nas quais continha o mínimo de uma cesta
básica. Darei a ele o nome fictício de “José”.
Senhor José e eu conversamos por um longo período; ele se mostrou
indignado com a ‘política nacional’ e ao mesmo tempo tão alheio como se
não fizesse parte dela. Desconhece o real sentido do termo “política”.
Visto que no Brasil há 78 partidos políticos registrados no TSE. Por
isso as siglas não significam nada para ele e para a imensa maioria dos
brasileiros. Pois é, Sr. José, somos nós que elegemos os “engravatados”
de lábia eloquente. Esses que foram em tua casa, apertaram tuas mãos;
abraçaram fortemente e te prometeram “mundos e fundos” e você (inocente
senhor) acreditou mais uma vez
Seu José não
sabe que o peso do Estado sobre a sociedade é o principal entrave ao
desenvolvimento do Brasil; desconhece o que é reforma política ou
reforma tributária, muito menos, choque de gestão. No fundo de sua
ignorância (inocência) afirma que não paga impostos e que o Governo
Federal é “pobrezinho”. Discordo, meu caro amigo, o Brasil lidera a
lista dos países com maior carga tributária do planeta, em 2010 o total
de impostos pago no país alcançou R$ 1,26 trilhão quase o dobro do
crescimento do PIB. Seu José no ano passado trabalhou, em média, 140
dias para sustentar a máquina pública e ainda acredita que o governo dar
“de graça” bolsas, subsídios e aposentadoria. É uma dissimulação, no
ano passado com todo o PAC, o governo central investiu apenas 2% do PIB
em infraestrutura. O Bolsa Família consumiu em 2010 cerca de 0,2% de
tudo que o Governo Federal arrecadou no período. Pois é... Senhor José,
paga imposto sim! Inclusive nesses itens básicos de alimento que você
leva nestas sacolas: paga 18% no arroz e no feijão; 18,7% do quilo de
carne são impostos; no café 36,52% e na manteiga 36%.
E em troca de tantos impostos recebemos saúde de baixa qualidade,
educação sofrível, falta de segurança e uma ineficiência colossal da
máquina publica.
Seu José acha engraçado ter “palhaços” á frente de comissões
parlamentares. Certamente ele não sabe que junto com esses “palhaços
políticos” foram uns “políticos palhaços” acusados de diversos crimes e
réus de inúmeros inquéritos. Esses mancham a constituição com medidas
provisórias e emendas constitucionais desnecessárias e, no entanto, são
incapazes de elaborarem uma reforma política que acabe com os
privilégios parlamentares; que der fim ás legendas partidárias e que der
transparência a democracia brasileira.
E agora José? São os “engravatados sanguessugas” que ingerem teu
suor; que tira de teu prato a tua comida; que negam aos teus filhos uma
educação e uma saúde de qualidade. Cuidado senhor José, quando eles
chegarem de madrugada batendo em tua porta te oferecendo algumas telhas,
tijolos ou cimento em troca de teu voto. Pois, se continuarmos agindo
da mesma forma, com ideias tão arcaicas, o slogan “Brasil, o país do futuro”, não passará apenas, de uma mera utopia.
Marcello Silva - Chaval/Ce. Março de 2011
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