quinta-feira, 6 de outubro de 2016

Poema | Enquanto Vivo

ENQUANTO VIVO

Em devaneios vivo mergulhado inteiro
Sedento lançado na louca vertigem
Em que me vejo num beijo derradeiro
Emanado de tua linda boca virgem

Insana euforia por um beijo 
Ainda me invade fugazmente 
Como se cá, esse louco desejo. 
Consumisse-me a inocência lentamente.

Tua face de anjo me persegue 
Ainda que eu em fuga me esquive 
A ti, pois, já estou entregue. 
De uma forma que nunca estive.

Se por medo fujo sem pensar 
É por não saber que me apreendo 
Que se afastar de ti é se aprisionar 
De tanto fugir, é aos teus braços ir correndo.

SILVA, Marcello. O Pescador. Chiado Editora, 2015. pg 41




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